segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O primeiro dia... sem olhar para trás!



Á noite a ansiedade revelou em sonhos o que lhe ia na alma. De olhos fechados, balbuciava frases incompreensíveis e outras ... nem tanto: (3h30) "quero ir para o cole, é para o cole que eu quero ir".

- "Já vamos filho, mas ainda está de noite", respondi, tentando acalmar o tumulto de voltas e reviravoltas na cama que embrulhavam as pernas nos lençóis.

- "Quero a avó Ru"

- "A avó Ru foi para casa querido". A agitação continuava e só a voz do pai, já regressado do casório no Porto, o acalmou. 

De manhã, a primeira frase fez-nos tremer: "Doi-me a barriga, não póxo ir ao cole!"

O Panda ligado na sala e a confirmação de que um amiguinho conhecido ia estar na mesma turma acabaram por ser remédio santo para a maleita da tripa.

A disposição mudou. Ficou contente. Bem-disposto. "Eu vou para o cole xójinho. Para o cole dos quexidos!"

No carro voltámos a avisar que era natural que ele não percebesse o que lhe diziam porque, neste "cole", as professoras falavam inglês. "Mas(j)eu não vou pexeber!", perguntava. "É só nos primeiros dias. Depois vais perceber tudo!", respondi.

De mão dada com o pai, seguiu sem hesitações. Atravessou o portão, depois a porta. Deu a mão à auxiliar.

"Adeus filho. Diz adeus!". Nem olhou para trás. Seguiu como se nada daquilo fosse novo, nenhuma cara fosse estranha, como se a confusão dos enormes corredores lhe fosse familiar.

"Todo fenomenal. Se quedó muy muy bién", informou depois a ajudante.

Eu já vi este filme! O primeiro dia tem no ar uma espécie de psicotrópico que o deixa atordoado mas, depois, o mês que se segue é um inferno. "Pode ser que não. Ele já está crescido", pensava para comigo enquanto engolia em seco tentando desatar o nó que me entupia a garganta.

Tenho inveja da maneira como o Big Daddy lida com isto. Fica calmo, entusiasmado por ver o seu rapagão ir à sua vida. Eu sei que isto é tudo uma pieguice. Sei que ele está bem. Sei que faz parte. Sei que é mesmo assim e ninguém (ou quase ninguém) ficou traumatizado por causa disto.

Já respirei fundo 300 vezes, já mergulhei no trabalho, já bebi um copo cheio de "suchard" e umas pinguinhas de leite, já me amparei (via whatsapp) noutras mães que estão com o mesmo aperto que eu, mas o meu coração continua reduzido a um grão de areia.

Já nem o chocolate me vale.... Mãe sofre! e como sofre (bolas!!!)   


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