sexta-feira, 16 de julho de 2010

Interrogatório na hora do óó

O processo de adormecer é agora (e depois do Método Estivill), bastante tranquilo.

Mas há sempre novidades. Sem saber ainda pedir as historinhas de embalar, o Rambinho faz o que pode para adiar o inevitável: ir para a cama.

Quando está ao colo, no miminho, acompanhado por uma cantoria da mãe, começa o interrogatório:

Tai (pai)? (pergunta) - "está a fazer óó" (respondo)
Avu (avô/avó)? - "está a fazer óó"
A pota (porta)? - "está a fazer óó"
Tio? - "está a fazer óó"
Titi (tia)? - "está a fazer óó"
Nhadi (nody)? - "está a fazer óó"
Pada (Panda)? - "está a fazer óó"
Xaxa (salsa, a cadela)? - "está a fazer óó"
Melhão (balão)? - "está a fazer óó"
Badi (balde)? - "está a fazer óó"
Miau (gato)? - "está a fazer óó"
Carro? - "está a fazer óó"
Belhaixa (bolacha) - "está a fazer óó"
rraaauu (Shreck) - "está a fazer óó"
Tátá (pato)? - "está a fazer óó"
Á (água)? - "está a fazer óó"
A lu (luz)? - "está a fazer óó"
A xu (chucha)? - "está a fazer óó"

Mãe? - "também quer ir fazer óó"

(e começa tudo outra vez ;)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

"A velhice é uma chatice" (mais uma vez, obrigada Conca)







A velhice é uma chatice", já lá dizia a minha bisavó Acácia. curiosamente, uma senhora cheia de vida. Uma mulher de armas, "prá frentex".


Foi das primeiras mulheres a montar a cavalo (como um homem), em Lisboa. "Olha ali uma cavalona", contava divertida este comentário que, amiúde, lhe faziam quando passava a trote.

Enquanto a saúde lhe permitiu, foi independente, dona do seu nariz. Apenas se queixava das dores no corpo que acusava o tempo que nunca conseguiu alcançar-lhe a mente.

Falo hoje nela por causa de um texto que acabei de ler e que não podia deixar de partilhar neste espaço. (CLICA AQUI)

"A velhice é uma chatice" sobretudo se estivermos sós, sem família, longe da nossa casa, sem ninguém para conversar, apenas à espera que a máquina decida, um dia, deixar de funcionar.

Felizmente, não era a esta "chatice" que a bisa Acácia se referia. Rodeada da família, em casa (quase até ao fim) e com o amor da sua vida, o exemplo dela passou e a mensagem continua bem viva em todos nós.

Agora que sou mãe, que já passei a barreira dos 30 e que o futuro começou a correr na minha direcção à velocidade de um carro de fórmula 1, penso várias vezes nisto.

É difícil falar nisto. É difícil encarar isto de frente. Deve ser difícil lá chegar. Mas quero que seja fácil olharem-me com ternura e tratarem-me com amor.

Estou convencida que boa parte depende de mim. De me cuidar, de poupar, de me sentir sempre útil, de conseguir educar os meus filhos para o respeito pelos mais velhos, de saber ouvi-los, de ser amiga dos meus amigos, companheira da minha família, cúmplice do meu marido.

"Sabes eu acho que todos fogem de ti, para não ver a imagem, da solidão que irão viver. Quando forem como tu. Um velho sentado no jardim."

Não quero que os meus filhos tenham medo de, um dia, serem como eu. Quero que digam "quando tiver a tua idade, quero ser como tu."

terça-feira, 13 de julho de 2010

Em Março de 2009 escrevi na minha Moleskine

(sim sei que já estamos em Julho.... atrasei-me ;)

... que no primeiro dia do mês o primo bebecas começou a andar sozinho com confiança e que já se aproximava da Salsa (a cadela)
... que no dia 2 a mamã começou a aulas de ginástica de recuperação pós-parto (não só comecei tarde, como ao fim de quatro desisti ;)
... que no dia 3 dormiste pela primeira vez no teu berço (até agora dormias na alcofa do carrinho)
... que a Tia Sónia e o Tio Nilton nos vieram visitar no dia 6
... que dia 10 foste à consulta
... que, por causa das obras das reparações lá em casa, tivemos de nos mudar para casa dos avós, no dia 17, e que nesse mesmo dia os pais e os tios foram à ante-estreia do filme "Marley e eu" (a mãe leu o livro qd estava grávida)
... que ficaste mal da barriguinha no dia 18 (a palavra que começa por D e acaba em A não é bonita... prefiro não escrever ;)
... que dia 19 foi dia do PAI
... que dia 20 fomos a uma reunião CASCA em casa da tia Sofia e do tio João
... que fomos passear com os tios Jo, Goni, Pipinha, Ângelo e primo bebecas para o passeio marítimo em Oeiras, dia 21 (tinha acabado de ser inaugurado)
... que dia 25 a mamã te vestiu, pela primeira vez, uma roupinha mais de rapazinho crescido
... que começaste a agarrar e a brincar com os bonequinhos do parque no dia 27
... que foste passar o fim-de-semana de 28 e 29 à Praia das Maçãs, com os pais e alguns amigos

Presos no transporte mais seguro do mundo

Depois de deixarmos o Big Daddy no aeroporto, voltámos para casa a conversar sobre os planos para as actividades que íamos realizar até à hora de deitar.

O Rambinho insistia "nhadi, nhadi (noddy)" e eu dizia "só um bocadinho filho, não queres também fazer os legos?".

Apanhámos o elevador, recolhemos uma simpática vizinha no ré-do-chão e.... encravámos no sexto andar.

Nunca tinha ficado fechada dentro de um elevador, mas o que não queria mesmo era que o Rambinho ali estivesse. Depois de alguns segundos a pensar "e agora?", lá respirei fundo e lembrei-me do que o meu pai me tinha dito há uns dias: "o elevador é o transporte mais seguro do mundo".

Tentámos pedir ajuda. O telemóvel ficou logo de parte pois não tinha rede. Carregámos no botão da assistência que nos disse que ia tentar enviar o piquete o mais depressa possível, mas não sabia bem quanto tempo ia demorar.

O calor aumentava e a impaciência do piqueno também. Felizmente tinha chucha, biberão de água e jantar (já na barriguinha).

Tirei-lhe a t-shirt, cantei-lhe músicas e o telemóvel, que parecia obsoleto naquela situação, foi absolutamente indispensável para distrair a criança sentada ao meu colo no chão do elevador.

"Mãe, a pota a pota (porta), abi (abre)", choramingava.

O outro elevador começou a funcionar. Começámos a carregar com mais intensidade na campainha. "Está ai alguém? Estamos presas no elevador! está aqui uma criança!"

Uma voz veio em nosso auxílio, que chamou outra voz, que chamou outra e outra que tinha (felizmente) a ferramenta certa para abrir a porta de fora do elevador (a de dentro já tínhamos conseguido abrir... o que aliviou bastante a temperatura).

Tivemos sorte, muita sorte. Para quem fica fechado num elevador, num domingo, em Julho (mês de férias) às oito e meia da noite, trinta e poucos minutos foi um verdadeiro "lusco fusco", imagino eu, dadas as circunstâncias.

Não sei se o piquete chegou a aparecer mas, à cautela, subi o resto dos andares que me restavam com o Rambinho nos braços. "Não quer ir no outro elevador?" perguntavam simpaticamente os vizinhos. "Não obrigada. Prefiro levar o meu filho ao colo pelas escadas. Hoje ninguém me apanha mais dentro de um elevador."

Já em casa achei que o baby merecia um presente por se ter portado tão bem. Acabou por ir para a cama depois de uma barrigada de "noddis".

terça-feira, 6 de julho de 2010

Bombeiros, polícia e rua cortada


Estava a chegar a casa quando vi a rua cortada por um grande aparato polícial. Ao fundo estava uma carrinha de exteriores da RTP e pensei "manifs num dia quente destes, em época de férias? que estranho".

Mal fiz a curva, deparei-me com vários carros de bombeiros e muita gente na rua. Gelei. Não conseguia perceber em que prédio tinha sido o incêndio.

Arranquei e parei ao pé do primeiro polícia. "Em que prédio foi?". O "sr agente" percebeu a minha aflição  e respondeu muito sereno. "Tenha calma já passou, foi no prédio em construção". 

"Mas há algum perigo? moro no prédio ao lado, está lá o meu bebé", insisti. "Não, já está controlado".

Fiquei aliviada mas não tranquila. Liguei para casa, ninguém. Voltei a ligar, nada. À terceira... lá me atenderam. 

Também se assustaram com a nuvem negra que invadiu a varanda e arrancaram para a rua deixando o telemóvel para trás. Só lá em baixo perceberam que não era a casa do vizinho que estava a arder e lá voltaram para casa.

A nuvem de fumo chegou na hora em que o rambinho se preparava para ver o noddy. O pequeno, completamente alheio ao que se passava, não gostou de ver os seus planos alterados e quando foi arrancado do seu banquinho esperneou e pediu ajuda ao seu herói.

"nhadi, nhadi, nhadi (noddy)", gritava enquanto era levado na direcção da porta, para longe do ecrã.

Graças a Deus tudo não passou de um susto e os danos foram só materiais.

Quando consegui chegar a casa, o rambinho já estava novamente sentado no seu banquinho. Dei-lhe um grande abraço e muitos beijos (acompanhados de suspiros... de alívio).

"Mãe, nhadi, nhadi", dizia radiante.






domingo, 4 de julho de 2010

"Oh tão pequenino! e não tem medo?"



Os demais visitantes do Jardim Zoológico espantavam-se. Como é que uma criatura pequena de fraldas ria à gargalhada e estendia a mão sem medo nenhum para dar folhinhas à girafa?

(ATENÇÃO: folhinhas apanhadas do chão. Respeitámos a dieta do animal).

A girafa agradecia e estendia a língua comprida que fazia cócegas nos dedinhos gorduchos do Rambinho.

Foi um sucesso!

A seguir parámos para um lanchinho rápido. O baby agradeceu e seguimos para o espectáculo dos golfinhos. No final, apercebi-me que não tinha a carteira.

Telemóvel, cartões, BI, carta de condução, tudo tinha ficado no banco onde parámos para dar comida ao rambinho.

Corri que nem uma louca mas claro que não encontrei nada. A última esperança estava no telemóvel. Podia ser que alguém ainda o atendesse, que ainda não o tivessem desligado.

Do outro lado da linha respondeu o segurança do Zoo: "Sim, está na porta de entrada, passaram cá a entregar".

Nem queria acreditar. Pensei "bom, pelo menos o telemóvel recupero". A surpresa, ou melhor, estupefacção foi total quando recebi das mãos do segurança a minha carteira intacta. Não faltava nem um cêntimo.

"Hoje ganhou o euromilhões", disse o segurança. É verdade. Não consegui agradecer à senhora que "salvou" as minhas coisas, mas fica aqui a história com um gigante "Muito Obrigada".

Dicionário de Rambês - Português (parte 2)

"Baana, Baana", diz o Rambinho logo a seguir ao "mãaeeeee" matinal. A fome aperta, por isso, há que pedir o que mais gosta: Banana (s.f. fruto da bananeira)


A cada dia que passa o piqueno está com a língua mais solta e o rambês mais fluente. Aqui fica a lista das últimas proezas linguísticas do rambinho, por ordem (mais ou menos) cronológica.


Á, Á (Água) s.f. líquido natural (h2O). Gosta e bebe muita. Se for servida num copinho é uma festa. 


Mãe s. f. Progenitora. Dito agora na perfeição de manhã, à tarde e à noite. Esteja feliz ou a fazer birra, o baby gasta-me o "nome"... e sabe tão bem.

Pai s. m. Progenitor. Já vai intercalando a expressão certa com o "Tai". Sinceramente, acho que já percebeu qual a palavra correcta... mas gosta de fazer a graça.


Caiu 3ª pess. sing. pret. perf. ind. do verbo Cair. Pronunciado sempre que cai no chão (o que tem acontecido com alguma frequência visto que a criança agora acha que é o homem bala e anda sempre a correr por todo o lado).


"Cai, cai, cai" 3ª pess. sing. pres. ind. do verbo Cair. Expressão usada sempre que está ao colo, no carrinho ou na cadeirinha e quer ir para o chão.


Abi (abre) 3ª pess. sing. pres. ind do verbo Abrir. Fazer cessar o estado de fechado. O fascínio pelas portas é demais. Podem estar mil brinquedos à volta que se houver uma porta ao seu alcance passa a tarde a abrir e a fechar a dita.


Xaxi (Salsa), nome próp. A cadelinha dos meus pais é a melhor amiga do rambinho. Ele adora-a e ela a ele. Está taco a taco com o Noddy ;)


Miauuu (Gato), s. m. Zool. mamífero digitígrafo, tipo da família dos felídeos.  A "expressão" é muito usada para pedir o "hit" "Atirei o Pau ao Gato" e quando é avistado o próprio do bichano.


Tátá (opção 1 - Sapato) s. m. Calçado que só cobre o pé ou parte do pé. Se está descalço ou o sapato caiu é certinho que este Tátá se refere a calçado.


Tátá (opção 2 - Quáquá - Pato) s. m. Ornit. Ave palmípede. Se está no banho, se avista um destes animais, se insiste em apontar para o computador (música dos patinhos para ir dormir) ou se está a ver televisão (e o bicho aparece)... enfim, tudo depende do contexto. 


Au Au ou Cão s. m. Quadrúpede carnívoro digitígrado e doméstico. É sem dúvida um dos seus animais preferidos, por isso, diz cão na perfeição e já sabe ladrar (morder é raro... mas também tem jeito ;)


Nhão ou Nhãaaaaooo (não) s. m. Adv. Partícula negativa oposta à afirmativa sim. Dito quase na perfeição e com bastante frequência.


Olhá (olá)Interj. Fórmula de saudação. Demorou algum tempo mas já está quase perfeito. O Rambinho não o diz a toda a gente, mas quando arranca parece um pequeno príncipe a cumprimentar o seu povo.


Carro s. m. Veículo de rodas para transporte de pessoas ou mercadorias. Dito sem espinhas... nunca houve popós cá em casa.


Ada (anda) interj. Indica pedido ou ordem para que se prossiga com algo. Usado quando quer que alguém o siga, quando segue alguém ou quer que o levem a algum lado. E se não lhe obedecem, o piqueno não se acanha e vai buscar esse "desobediente" pela mão.


Há mais... mas a lista já vai longa... fica para o próximo post ;)