Tenho ralhado muito contigo. Fazes muitas birras, refilas muito, estás sempre a testar e a chamar à atenção.
Aflijo-me, aborreço-me, irrito-me, desespero. Preocupo-me com a adolescência - "Se isto agora é assim, depois como será?" - E digo-te algumas vezes que estás a ser chatinha, e que "lá estás outra vez" a chorar.
Ter três anos não é fácil. Não é fácil para nós, pais, que não entendemos, que estamos cansados, que queremos sentar-nos no sofá sem ter de fazer cavalinho, dar mais um copo de água, trocar mais uma roupa ou resolver mais um arrufo entre ti e o mano grande.
Ter três anos não é fácil. Mas é muito mais difícil para ti. Ainda ontem eras um bebé que levávamos ao colo para todo o lado, que fazia gracinhas de que todos se riam, que não tinha de cumprir horários rígidos, que estava protegida em casa e que encontrava no pai, na mãe e no mano grande todo o seu mundo.
Estás a crescer, ainda és bebé mas também já estás crescida. Ainda pedes muito colo mas vibras com a independência de uma bicicleta e a velocidade de uma trotinete.
"Olha como sou
fast mãe! Olha!" E és mesmo. Muito rápida a crescer, a querer ser independente, a querer fazer tudo "xójinha".
"Olha mãe eu também conxigo", dizes tantas vezes a desafiar a idade numa tentativa de seres como todos os crescidos que te rodeiam.
És forte e decidida, refilona, respondona, dona do teu nariz, mas é quando me estendes as mãos a pedir colo que te vejo como ainda és: o meu segundo bebé, ainda muito bebé, a lutar para seres crescida para não ficares para trás, para conquistares o teu espaço, se possível, um bocadinho mais que a concorrência, a gritares para fazeres ouvir a tua vontade quando o que queres mesmo é ouvir alguém de volta dizer que está tudo bem e que gostamos muito de ti.
Adoramos-te minha pequenina "buxa má" de bom coração. Meu furacão de totós que nos fazes os nervos em franja e nos arrancas gargalhadas do fundo do coração que nos renovam a alma.
Querida "mana " pequenina que beliscas, mordiscas e arrelias aquele que é o teu ídolo e que querias não ter de partilhar com mais ninguém.
Apaixonada menina do papá que te derretes com as brincadeiras e consegues tudo o que queres só com um olhar dengoso e aquele abraço que esmigalha qualquer arrelia.
Linda menina da mãe que me desafias a cada momento, que me pede mimos infinitos, que me castigas com uma mão sem me largares com a outra, que me conquistas quando ao ouvido me dizes "I love you mummy" e com um abraço apertado acrescentas "Best Friends".