Domingi foi dia de passeio no parque. Estas "bicicletas canguru" (não se chamam assim... Acabei de as batizar :), são a coisa mais pratica do mundo quando as crias ainda não se equilibram em duas rodas.
Evitam as queixas permanentes de dores nas pernas, de cansaço que só sossega ao colo dos pais e garante aos progenitores um bocadinho de tranquilidade numa atividade ao ar livre em que todos vão na mesma direção... Coisa que nunca acontece.
O vento começou a soprar e o céu ameaçava chuva, mas a tormenta só chegou à tarde já nós estávamos no quentinho :)
As manhãs são sempre difíceis e o caminho para a creche nem sempre é o que mais apetece percorrer.
Ficar sem a mãe por umas horas num sítio estranho, com gente diferente custa (às duas). e nos primeiros meses de adaptação foram precisos alguns truques para te arrancar de casa...
"Vamos ver os esquilos? Se estiverem a dormir ralhamos com eles!!" , disse tantas vezes para te conseguir acalmar a birra. E resultava!
"Esquiuu! Um táá??" (Esquilo! Onde estas??) repetíamos.
Quando não apareciam ralhavas de dedo espetado: "Ai! Ai! Esquiuu. Não óó!!"
No outro dia a mãe deu um passeio no Hyde Park, um parque muito grande aqui em Londres e encontrou este esquilo atrevido. Tinhas gostado muito de o conhecer. Ele não tinha medo, parecia estar habituado às pessoas e esteve mesmo muito perto da mãe.
Um dia levo-te lá, a ti e ao mano e levamos nozes para lhe dar, combinado?
A Rambinha continua a fazer jus ao nome e ao "pacto de irmandade" que tem com o Rambinho (não sei quando isto aconteceu mas a perícia com que ela mantém os pais com noites mal dormidas é tal que só pode ter aprendido - e refinado - com o mestre).
Hoje foi mais uma "daquelas" noites. Já não sei dizer quantas vezes se ouviram as súplicas por chucha ou "leche" (um capricho ainda dito em espanhol), mas sei que a uma hora - que não consigo ter a certeza qual - da madrugada, lá me levantei para dar a segunda dose.
Antes conseguia fazê-lo mais acordada, mas hoje em dia sou um zoombie.
De olhos fechados e em modo automático lá cheguei ao biberão que estava previamente preparado num tabuleiro, juntamente com um exército de chuchas e mais um biberão de leite (já vazio) e outro de água.
Ora este "kit de sobrevivência" é religiosamente colocado todas as noites na bancada da casa de banho (que é o sítio fresco mais à mão) para acudir com prontidão e rapidez ao ser faminto antes que as súplicas acordem todo o prédio e, mais importante, o irmão que dorme na cama de cima.
Dizia eu que consegui com sucesso alcançar o biberão e em poucos segundos sossegar a fera. Mas uma dúvida atormentou-me o espirito e acordou-me a mente sonâmbula: "Dei-lhe o biberão ou peguei no gel das mãos????"
Acendi a luz do corredor, entrei no quarto e olhei... A pequena bebia tranquila, sem sinal de bolas de sabão a sairem-lhe pelo nariz ou ouvidos. No fundo eu sabia que aquela dúvida era fruto do delírio causado pela privação do sono que temos experimentado nos últimos dois anos (o pai), quase três anos (a mãe... porque esta comecou a revelar o que aí vinha logo na gravidez).
"Que estupidez! Que ideia tão parva!" pensei enquanto me voltava a deitar, não sem antes ter outro pensamento delirante...
"Nós nem temos gel de mãos!!", REALLY????? Zzzzzzzzzzzzzzzzzz
Sempre achei que a maternidade era um passeio no parque. Saiu-me uma viagem na floresta (linda, mas repleta de mistérios). O Meu Filho é o Rambo porque, além de um delicioso reguila, é um fantástico terramoto e um Furacão poderoso que arrasou a vida que até aqui conhecia. Para sorrir, pensar, partilhar e comentar, aqui ficam as aventuras e descobertas de uma mãe de primeira viagem, quase convencida de que o anjinho que anda a gatinhar lá por casa tem alma de Rambo (e uma costela de Macgyver).