quarta-feira, 14 de julho de 2010

"A velhice é uma chatice" (mais uma vez, obrigada Conca)







A velhice é uma chatice", já lá dizia a minha bisavó Acácia. curiosamente, uma senhora cheia de vida. Uma mulher de armas, "prá frentex".


Foi das primeiras mulheres a montar a cavalo (como um homem), em Lisboa. "Olha ali uma cavalona", contava divertida este comentário que, amiúde, lhe faziam quando passava a trote.

Enquanto a saúde lhe permitiu, foi independente, dona do seu nariz. Apenas se queixava das dores no corpo que acusava o tempo que nunca conseguiu alcançar-lhe a mente.

Falo hoje nela por causa de um texto que acabei de ler e que não podia deixar de partilhar neste espaço. (CLICA AQUI)

"A velhice é uma chatice" sobretudo se estivermos sós, sem família, longe da nossa casa, sem ninguém para conversar, apenas à espera que a máquina decida, um dia, deixar de funcionar.

Felizmente, não era a esta "chatice" que a bisa Acácia se referia. Rodeada da família, em casa (quase até ao fim) e com o amor da sua vida, o exemplo dela passou e a mensagem continua bem viva em todos nós.

Agora que sou mãe, que já passei a barreira dos 30 e que o futuro começou a correr na minha direcção à velocidade de um carro de fórmula 1, penso várias vezes nisto.

É difícil falar nisto. É difícil encarar isto de frente. Deve ser difícil lá chegar. Mas quero que seja fácil olharem-me com ternura e tratarem-me com amor.

Estou convencida que boa parte depende de mim. De me cuidar, de poupar, de me sentir sempre útil, de conseguir educar os meus filhos para o respeito pelos mais velhos, de saber ouvi-los, de ser amiga dos meus amigos, companheira da minha família, cúmplice do meu marido.

"Sabes eu acho que todos fogem de ti, para não ver a imagem, da solidão que irão viver. Quando forem como tu. Um velho sentado no jardim."

Não quero que os meus filhos tenham medo de, um dia, serem como eu. Quero que digam "quando tiver a tua idade, quero ser como tu."

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