Depois de três noites a contar a história da estrelinha, o pequeno já sabia de cor o guião, mas recusava-se a aceitar o fim que os "spielbergs" cá de casa tinham decidido dar à protagonista.
Logo, a chucha, apesar do entusiasmo que nos pôs várias vezes no jardim a olhar para o céu, acabava sempre na boca do Rambinho, que fazia "claque" com o João Pestana e insistia que não era "quescido" e que para dormir "pexijava" da chucha.
Mas o Dia D ou, neste caso, a Noite D, acabou por chegar. Depois de contar a história da estrelinha logo a seguir ao jantar, revelei ao Rambinho que a Lua já tinha vindo dar o saquinho mágico à mãe. Aquela revelação foi vivida intensamente e a participação do baby em todo o enredo que eu e o Big Daddy tínhamos cuidadosamente pensado foi digna de um Oscar.
As chuchas foram depositadas sem resistência e de livre vontade no saquinho e depois saímos todos para o jardim, de lanterna em punho, como verdadeiros exploradores prestes a viver uma grande aventura. O nosso destino era a casinha do parque infantil, onde a Lua iria buscar a preciosa encomenda ....
... não fizemos a coisa por menos, e até levámos bolachinhas e um copo de leite para a Lua recarregar as baterias antes de empreender novamente viagem rumo ao céu estrelado...
... Voltámos para casa entre risos e saltos de satisfação. O pequeno estava radiante com aquela aventura. Brincou! brincou e brincou, até que o pai perguntou: "será que a Lua já foi à casinha buscar o saco mágico?". Novamente aos pulos, o mini "indiana Jones" quis lá voltar, mas não sem antes explorar outros "esconderijos" misteriosos, como se pode ver pela fotografia ;)
... Já no parque, entrou na casinha sozinho com a sua lanterna...
... o leite tinha desaparecido. As bolachas também. Do saquinho mágico nem sinal... mas havia uma surpresa...
... A Lua tinha deixado um presente! ;)
É verdade que não há criatura mais amada nesta casa que um dinossauro, pois aqui todos os dias se ouvem "rugidos" e alguém encarna (embora nem sempre de forma voluntária) um assustador "T-Rex". No entanto, este pobre animal veio numa dura missão e, claro que, nessa noite, foi rejeitado vezes sem conta e atirado para o chão sem dó nem piedade outras tantas...
... "mãe não quero pejentes mãe, eu quero a minha chucha", dizia lacrimejante. Mas as chuchas já estavam bem longe, a fazer brilhar uma estrelinha pequenina porque "tu já és crescido meu amor". - "Não xou nada! Eu quero a minha chucha. Não gosto do dinossauro. Não quero pejentes, quero a minha cucha mãe!"
E assim foi durante mais ou menos uma hora até adormecer. Não houve berros nem desesperos. Também não estávamos à espera que não houvesse nenhum tipo de lamúria mas esta foi bastante aceitável, para quem contava com verdadeiras fúrias!!
Nas duas noites e sestas seguintes, os pedidos pelo regresso da chucha continuaram. Pacientemente, eu e o Big Daddy voltávamos a relembrar a história da estrelinha e como o Rambinho tinha sido forte e crescido ao dar as chuchas à Lua.
Finalmente, à terceira noite a "ladaínha" deixou de se ouvir. As birras para ir para a cama e o recorrente pedido de "xó mais xinco minutos" permanecem, claro! mas o piqueno acabou por aceitar que a chucha já não fazia parte daquele ritual.
E há dois dias, já perto da hora de ir para a cama, o Rambinho fez questão de escrever o último parágrafo da história...
- "Mãe a estelinha agora já conxegue bilhar" ;)
Para vocês: http://andorinhaquevoa.blogspot.com/2012/03/coisas-que-se-aprendem-na-candeia-ou.html
ResponderEliminarUm grande beijinho de Amesterdão. As saudades que eu tenho de ser Candeia... :)
Adorei. É um história inspiradora para eu fazer o mesmo à Sofia. Obrigada pela partilha.
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