Uns já anunciaram há uns meses e partiram há umas semanas. Outros ainda estão em count down, nos preparativos, à espera do grande dia.
Esta é a história de duas famílias corajosas que decidiram viajar pelo mundo. Uma vai estar mesmo a dar a volta ao mundo durante alguns meses, a outra vai "passar um ano inteiro no verão"!
Além de inspiradoras, estas histórias fazem-me olhar para quem as "escreve" com muita admiração. Só de pensar em pegar nos meus Rambinhos e ir daqui até ao Brasil, simples ida e volta, já me dá preguiça... medo, dúvida etc, quanto mais estar meses por aí, de avião em avião.
Viajar com os miúdos não é fácil. São os aeroportos, o veste e despe, o abre a mala, o fecha a mala, o faz a mala, o desfaz a mala, enfim! Não creio que este tipo de aventuras seja para mim, mas Adoroooo a ideia!
Lisboa, Londres, Japão... MUNDO
O pai, a mãe e a pequena Mia já estão no Japão e nos próximos meses o itinerário inclui passagem pela Europa, Ásia, Oceânia, Pacífico e Américas. Antes de embarcarem falaram com os professores da Mia, que tem três anos e meio: "O importante é brincar, brincar muito!"
Na idade dela tudo é aprendizagem só por si será a maior das experiências. Não é preciso forçar nada. Ela terá muito tempo para conhecer números e identificar letras. Por isso, papel e lápis de cor, plasticinas e a natureza como matéria prima (conchas, pedrinhas, folhas, ramos de árvores) será mais que suficiente para o seu desenvolvimento nos moldes em que aconteceria por cá, dizem no blog Hotelglobo.net, onde vão partilhando fotos e relatos desta aventura.
Fascinada com esta história, mandei uma mensagem à mãe da Mia, a Joana, e pedi-lhe que me contasse um bocadinho mais sobre Como tudo isto surgiu:
"Era um sonho antigo, daqueles que quando és pequena e te perguntam: 'queres ser o quê quando fores grande?' Eu lembro-me de dizer 'quero viajar e dar a volta ao mundo'. A nossa experiência em África é capaz de ter dado um empurrão no sentido em que o lugar comum carpe diem assume toda uma outra dimensão. Só o Hoje é certo e por isso é urgente viver a vida porque amanhã não sabemos como será. Resumindo: decidimos aproveitar o dia, viver a infância da nossa filha que não se irá repetir e realizar um sonho de vida."
E as dificuldades? A comida, os cuidados de saúde ...
"Existem, claro, e muitas. Não vou dizer que conseguimos, especialmente nos primeiros tempos num lugar novo, dar uma alimentação tão variada quanto a Mia está habituada. Temos sorte de ela ser uma miúda pouco esquisita - talvez a nossa vida africana tenha ajudado - e, para já, está a adorar os ramen (espécie de sopa de massa com carne, peixe e tudo misturado), as okonomiyaki espécie de omoletas com tudo e o peixe grelhado japonês.
Depois, há a questão da saúde que é o que me preocupa mais. E se acontece alguma coisa? Para isto tenho uma lista de hospitais e clínicas onde recorrer em cada sítio e fizemos um seguro de saúde que vale o que vale.
Penso que é importante ela ter contacto com outras crianças durante a viagem e, por isso, sempre que possível escolhemos ficar em quartos em casa de famílias com crianças da idade dela."
Qual a próxima paragem?
"Neste momento estamos no Japão, onde começámos esta aventura no dia 21 de Fevereiro, depois vamos a Singapura, Myanmar, Austrália, ponderamos ir até Timor porque temos lá amigos, Nova Zelândia, Fiji, Costa Leste dos Estados Unidos, Perú e Bolívia. Não está fechado totalmente.
Podemos ir a mais países ou não, tudo vai depender de como as coisas estiverem a correr. A maior parte destes países é porque queríamos muito conhecer e como ficam muito longe do nosso ponto de partida geográfico - Portugal - optámos por fazer todos de uma vez. Escolhemos ir optando entre países caros e mais baratos, para não estourar o orçamento."
A Joana é jornalista e, além dos fantásticos relatos e fotos que publica no blog Hotel Globo (adoro o nome) também aproveitou esta experiência como forma de trabalho e vai estar a escrever reportagens para a revista Volta ao Mundo.
Família em countdown... 20 days to GO!
A Rita, o Pedro e os dois piolhos têm também um blog onde vão partilhar as suas descobertas. Por enquanto, embora já tenha alguma informação sobre o que vão fazer, é no "countdown" que vai deixando para trás os dias, as horas, os minutos e os segundos que faltam para o embarque que se fixa o meu olhar. Que emoção!
O "relógio" anuncia que a data da partida está prevista para daqui a 20 dias (e umas horas).
Esta família andou para trás e para a frente no Atlas e tomou uma decisão que, confesso, me causa alguma inveja (da boa!): querem passar um ano com bom tempo e no Verão:
Quando começámos a planear esta viagem queríamos visitar todos os continentes, vários países, mas rapidamente realizamos que tínhamos pouco tempo. Sei que pode parecer ridículo, mas queremos viajar devagar e "viver" em cada sítio por onde passarmos, quase um ano está longe de ser suficiente. Este é o nosso plano... nada fixo, nada marcado, apenas uma ideia...
É mesmo difícil e demora imenso tempo planear uma coisa destas, temos que andar a baralhar estações do ano, com época de tufões e chuvas, temporada alta e temporada baixa e um milhão de outros factores... Demorámos demasiadas semanas para chegar a este "simples" itinerário, explicam no blog The bag of the Unexpected
E o "simples" itinerário passa por estar 365 dias a viajar pela Austrália, Ilhas Cook, Fiji, Japão, Malasia, New Caledonia, Nova Zelândia, Filipinas, Singapura, Taiwan, Tailândia e Vanuatu.
Conheci a Rita e o Pedro quando vivíamos em Madrid e há uns dias perguntei-lhes como tinha sido largarem o emprego, a casa e Madrid para embarcarem nesta aventura a quatro.
"Existem muitas motivações mas mais do que perguntar porquê eu pergunto ‘porque não?’ Os miúdos estão numa fase muito engraçada (2 e 3 anos) e, como todos os pais, achamos que acabamos por aproveitar pouco.
Chegamos a casa e estamos com eles pouco tempo, na correria dos banhos, jantares e cama. Acaba por sobrar muito pouco tempo para brincar sem horários, para estar com eles. É uma boa altura também porque como são pequenos ainda não estão em idade de escolaridade obrigatória. Mais tarde ia ser muito complicado.
Temos a sorte de ter trabalhos de que gostamos e de estar rodeados de pessoas que perceberam e nos apoiaram nesta aventura permitindo o ano sabático.
Pensámos muito no assunto para chegar à conclusão de que se realmente queremos fazer esta viagem não podemos pensar demasiado ou as dúvidas e medos ganhariam ‘a guerra’."
Foi difícil escolher o itinerário?
"A maior dificuldade de todas é o itinerário. Abres o mapa mundo e numa fase inicial queres ir a todo o lado e pensas que um ano é imenso tempo. Rapidamente chegas à conclusão que não, e que tens que escolher metade e depois metade da metade.
Depois de imenso tempo para decidir por onde vamos andar vem a parte de montar um percurso que logisticamente faça sentido e que ao mesmo tempo seja boa altura do ano para estar em cada um dos países. É um verdadeiro quebra cabeças! O puzzle mais difícil que fizemos até hoje."
E o orçamento?
"É preciso ter um controlo apertado dos gastos e isso passa por viajar principalmente por países baratos. Não é o mesmo estar em países caros como o Japão que em países baratos como as Filipinas.
Vamos com duas crianças pequenas o que nos fez escolher países sem grandes riscos de saúde, seguros e ‘amigáveis’. Por isso deixámos de fora a América do Sul e África. EUA é caro e Europa, bom... é onde vivemos e está pertinho para ir vendo nas férias.
Sobra a Asia e a Oceânia, e é para essa zona que vamos. Optámos por não comprar o bilhete Volta ao Mundo, assim temos um itinerário mais ou menos definido mas totalmente flexível, pode mudar a qualquer momento."